A astrologia
relaciona a posição dos astros no céu, tanto no nascimento quanto diariamente,
com fatos na Terra, incluindo os humores e destinos das pessoas. Ela assume que
há ação dos corpos celestes sobre os objetos animados e inanimados e que os
ângulos aparentes entre os planetas no céu afetam a humanidade.
Astrologia
não deve ser confundida com Astronomia, a ciência que
verdadeiramente estuda os astros e seu funcionamento, isto é, sua física.
Quando
a astrologia começou, no vale dos rios Eufrates e Tigris, no atual Iraque,
cerca de 3000 a.C., os mesopotâmios e os babilônios acreditavam que os
planetas, incluindo o Sol e a Lua, e seus movimentos, afetavam a vida dos reis
e das nações. Os chineses tinham crenças similares por volta de 2000 a.C.
Quando a cultura babilônica foi absorvida pelos gregos, por volta de 500 a.C.,
a astrologia gradualmente se espalhou pelo ocidente. Por volta do segundo
século antes de cristo, os gregos democratizaram a astrologia, desenvolvendo a
tradição de que os planetas influenciavam a vida de todas as pessoas. Eles
acreditavam que a configuração planetária no momento do nascimento das pessoas
afetava sua personalidade e seu futuro. Esta forma de astrologia, conhecida
como astrologia natal, alcançou se ápice com o grande astrônomo Claudius
Ptolomeu (85-165 d.C.). Seu trabalho de astrologia, Tetrabiblos, permanece como a
base da astrologia ainda hoje.
A
chave da astrologia natal é o horóscopo, uma carta que mostra a posição dos
planetas no céu no momento do nascimento (e não da concepção!), em relação às
doze constelações do Zodíaco, definidas naquela época como cada uma ocupando 30
graus na eclíptica, e chamadas signos. As posições são tomadas em relação às casas, regiões de 30 graus do
céu em relação ao horizonte.
Uma
variante popular da astrologia é baseada no signo solar, que usa somente um
elemento, o signo ocupado pelo Sol no momento do nascimento da pessoa. É esta
que aparece nos jornais e revistas desde 1930, quando o astrólogo John Naylor
publicou suas previsões no jornal londrino Sunday Express.
A
necessidade de conhecimento da posição dos planetas levou ao desenvolvimento da
astronomia.
A
astrologia não é uma ciência, mas sim "jogo de
linguagem". Michel
Maffesoli, orientador
do doutorado em sociologia da astróloga
francesa Elisabeth Tessier em abril de 2001 na Université Sorbonne
Paris V, entitulada "La situation épistémologique de l'astrologie, liée à
l'ambivalence fascination/rejet dans les sociétés postmodernes", diz
"A astrologia não é uma ciência, é um fato social". Assim como a
astronomia, a astrologia floresceu na Antiguidade, muito antes da formulação da
teoria gravitacional e da teoria eletromagnética e do conhecimento de que todos
os astros são compostos da mesma matéria existente aqui na Terra. Não existe
matéria "celeste" como acreditava Aristóteles (384-322 a.C.). Mas ao
contrário da Astronomia, ela não incorpora as teorias científicas e assume que
a Terra está no centro do Universo, rodeada pelo Zodíaco, e a definição dos
signos ignora a precessão
do eixo de rotação da Terra.
Devido
à precessão dos equinócios, o Sol atualmente cruza Áries de 18 de abril a 12 de
maio, Touro de 13 de maio a 20 de junho, Gêmeos de 21 de junho a 19 de julho,
Câncer de 20 de julho a 9 de agosto, Leão de 10 de agosto a 15 de setembro,
Virgem de 16 de setembro a 30 de outubro, Libra de 31 de outubro a 22 de
novembro, Escorpião de 23 de novembro a 28 de novembro, Ofiúco de 29 de
novembro a 16 de dezembro, Sagitário de 17 de dezembro a 18 de janeiro,
Capricórnio de 19 de janeiro a 15 de fevereiro, Aquário de 16 de fevereiro a 11
de março e Peixes de 12 de março a 17 de abril.
Tanto
a teoria gravitacional de Newton e Einstein quanto a teoria eletromagética de
Maxwell comprovam que o efeito dos astros nas pessoas é completamente
desprezível, isto é muito menor do que o efeito dos outros corpos na própria
Terra. Naturalmente não estamos falando da luz do Sol, principal fonte de
energia na Terra, nem dos efeitos de maré da Lua, e em menor parte do Sol,
sobre a Terra. Também não estamos falando do efeito real da colisão de um
asteróide ou meteorito com a Terra, que muitas vezes tem consequências
catastróficas. O obstetra que realiza o parto de uma criança exerce uma atração
gravitacional sobre ela seis vezes maior do que o planeta Marte, pois embora a
massa de Marte seja muito maior do que a do obstetra, o planeta está muito mais
distante. O efeito de maré do obstetra sobre a criança é ainda 2 trilhões de
vezes maior do que o de Marte.
Por
falar em distâncias, a astrologia, ao calcular os horóscopos, assume que o
efeito dos planetas, como Marte, é o mesmo quando Marte está do mesmo lado do
Sol que a Terra e quando ele está do outro lado do Sol, cinco vezes mais distante!
Todas as forças conhecidas (gravitacional, elétrica e magnética, força fraca e
força forte) dependem da distância. Se o efeito não depende da distância, então
qual é o efeito das estrelas, galáxias e quasares?
Os
sinais de rádio emitidos pelo Sol e por Júpiter, e em menor quantidade por
todos os outros planetas, também sinais eletromagnéticos, são muito menos
intensos que os sinais emitidos por uma pequena emissora de rádio de 1 kilowatt
a 1000 km de distância. Todos os efeitos eletromagnéticos e gravitacionais
caem com o quadrado da distância.
A
característica fundamental da ciência é basear-se na observação da natureza e
na experimentação. Os efeitos das posições dos planetas e da Lua em qualquer
pessoa na Terra nunca foram desmonstrados em qualquer estudo sistemático. Já em
1549, no seu "Tratado contra a Astrologia", Giovanni Calvino
(1509-1564) usou o argumento que gêmeos idênticos nascem com a mesma carta
astrológica, mas têm destinos diferentes e, portanto, as afirmações
astrológicas não podem estar corretas. Nas últimas décadas vários cientistas
testaram as previsões da astrologia e comprovaram que não há resultados:
- O
psicólogo Bernard Silverman, da Michigan State University, estudou o
casamento de 2978 casais e o divórcio de 478 casais, comparando com as
previsões de compatibilidade ou incompatibilidade dos horóscopos e não
encontrou qualquer correlação. Pessoas "incompatíveis" casam-se
e divorciam-se com a mesma frequência que as "compatíveis". O
psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), em seu livro "A Interpretação
da Natureza e da Psique", chegou a mesma conclusão.
- O
físico John McGervey, da Case Western University, estudou a biografias e
datas de nascimento de 6000 políticos e 17000 cientistas e não encontrou
qualquer correlação entre a data de nascimento e a profissão, prevista
pela astrologia.
- Um
teste duplo-cego da astrologia foi proposto e executado pelo físico Shawn
Carlson, do Lawrence Berkeley Laboratory, Universidade da Califónia.
Grupos de voluntários forneceram informações para que uma organização
astrológica bem estabelecida produzisse um horóscopo completo da pessoa,
que também preenchia um questionário de personalidade completo,
pré-estabelecido de comum acordo com os astrólogos.
A organização astrológica que calculava o horóscopo completo da pessoa,
juntamente com 28 astrólogos profissionais que tinham aprovado o
procedimento antecipadamente, selecionavam entre 3 questionários de
personalidade aquele que correspondia a um horóscopo calculado. Como
haviam 3 questionários e um horóscopo, a chance de acerto aleatório é de
1/3 = 33%.
Os astrólogos tinham previsto antecipadamente que a taxa de acerto deveria
ser maior do que 50%, mas em 116 testes, a taxa de acerto foi de 34%, ou
seja, a esperada para escolha ao acaso! Os resultados foram publicados no
artigo A Double Blind
Test of Astrology, S. Carlson, 1985, Nature, Vol. 318, p. 419.
- Os
astrônomos Roger Culver e Philip Ianna, que publicaram o livro Astrology: True or False,
(1988, Prometheus Books), registraram as previsões publicadas de
astrólogos bem conhecidos e organizações astrológicas por 5 anos. Das mais
de 3000 previsões específicas, envolvendo muitos políticos, atores e
outras pessoas famosas, somente 10% se concretizaram. Esta taxa é menor do
que a de opiniões informadas.
- Uma
pesquisa coordenada pelo Prof. Salim Simão do Departamento de Produção
Vegetal da Universidade de São Paulo, durante sete anos, comprovou que a
fase da Lua não tem efeito no crescimento das plantas. (Veja, edição 1638,
1 mar 2000, p. 127).
- O
médico dermatologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira
para Estudos do Cabelo conclui: "Independentemente da fase lunar, a
média de crescimento mensal do cabelo é de 1 centímetro." (Veja,
edição 1638, 1 mar 2000, p. 127).
Portanto,
embora mais de 50% da população acredite em astrologia, trata-se somente de uma
crença, sem qualquer embasamento científico.
Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/astrologia.htm